A RELATIVIDADE DA SIMULTANEIDADE

      Vamos supor que exista a possibilidade de alguém, viajando num foguete a uma velocidade bastante alta, ser analisado por um observador que se encontra fora do foguete. A pessoa dentro do foguete acende uma lâmpada bem no meio do compartimento interno e registra que a mesma chega ao mesmo tempo, ou seja, simultaneamente, às duas extremidades do compartimento interno do foguete. Ela tem razão, pois é isso que efetivamente ela registra verificando que os sensores as captaram num mesmo instante registrado em seus cronômetros (os quais, vamos supor, foram previamente sincronizados entre si).

      No entanto, para o observador externo à nave, os raios que se propagam para trás da nave chegam primeiro à parede traseira do que aqueles que se deslocam no sentido oposto e que chegam à parede dianteira. Este observador também tem razão, afinal de contas é isso que ele mede através de sensores colocados nessas paredes e que possuem cronômetros atômicos muito precisos e sincronizados, capazes de indicar o exato momento da chegada da luz. Por que isso acontece? Ora, porque a luz tem velocidade finita e, ao se propagar dentro de um ambiente que está se movimentando a uma determinada velocidade, vai levar menos tempo para chegar até aquela parede que vem ao encontro dela, e mais tempo até atingir a parede oposta, uma vez que ela está se distanciando da posição de onde foi emitido o feixe de luz.

      Assim, um mesmo evento - uma lâmpada que se acende - origina dois outros eventos - a incidência da luz nas paredes anterior e posterior do compartimento interno da nave - os quais não considerados simultâneos por um observador, mas são considerados como não-simultâneos pelo outro observador. As duas pessoas estão corretas em suas afirmações, apenas a noção de simultaneidade não pode mais ser considerada como absoluta: ela depende do ponto de vista do observador considerado, pois o que mudou, neste caso, foi apenas o sistema de referência usado. Assim, se aceitamos como correto o postulado da invariância da velocidade da luz, chegaremos inevitavelmente à conclusão lógica de que:

    "Dois eventos que são simultâneos em um referencial não são necessariamente simultâneos em outro referencial inercial que esteja em movimento em relação ao primeiro"

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